terça-feira, 25 de abril de 2017

Jardins à prova de seca

Com a chegada do calor cada vez mais cedo, a rega dos jardins torna-se um verdadeiro desafio. A necessidade de rega torna-se cada vez mais frequente e mais abundante, mas, infelizmente, muitas pessoas não têm tempo para isso. A isso acresce a necessidade de água. Muitas pessoas não têm acesso a água, como um ribeiro ou um poço, o que, a regar com água canalizada, encarece a manutenção do jardim e da horta. Mas há soluções naturais para isso. E, uma vez mais volto a insistir que imitando a Natureza, podemos poupar muito esforço e recursos. No meu jardim recrio um processo natural que existe na Natureza: a acumulação de matéria orgânica sobre os solos. Para além da fantástica conservação da humidade no solo durante períodos de tempo bastante prolongados, ainda permite suprimir o crescimento de ervas daninhas e, depois de decomposta, aumenta a fertilidade do solo. 

Canteiro coberto com relva triturada e palha.

Se o seu solo já estiver seco, regue-o abundantemente. Depois disso, aplique uma grossa camada de matéria orgânica (eu chego a aplicar camadas com um palmo de espessura). Pode usar relva cortada, palha seca, aparas de madeira ou matéria orgânica triturada das podas ou de canas. 

Primeiro, é importante regar bem o solo para que a água penetre em profundidade. 

Depois, é só adicionar a cobertura com a matéria orgânica que tiver à sua disposição.

Com este sistema irá ver as necessidades de rega e de manutenção dos canteiros diminuírem drasticamente. 

Durante o Verão de 2015, em plena seca, repeti este sistema com a plantação de várias flores no final de Agosto, com temperaturas entre os 30 e os 35 graus. As plantas apenas foram regadas aquando da plantação. Depois disso, foi vê-las crescer grandes, floridas e viçosas como num dia fresco de Primavera...sem uma única rega. 



Aqui fica mais um pouco da minha experiência. Espero que vos seja útil e obrigado por continuarem a acompanharem o blogue. 

domingo, 23 de abril de 2017

(O meu) Sucesso com legumes

Falar de sucesso no cultivo de legumes é sempre relativo. Todos os anos há sempre alguma coisa que falha: os alhos que não cresceram como queríamos, os tomateiros atacados por fungos, as couves devoradas por lagartas ou os melões que de doce não têm nada. Mas com alguma perseverança, ano após ano, a experiência faz de nós melhores jardineiros. No fim de contas, começamos a perceber que nem tudo pode realmente ser como os livros nos dizem. 

Na minha experiência, o sucesso progressivo que tenho conseguido deve-se principalmente a 4 factores: observar e copiar a Natureza, compreender o solo, compreender o clima e compreender as plantas.

Porquê imitar a Natureza? Bem, no seu meio natural, as plantas crescem e prosperam sem intervenção do Homem. A nossa função é tentar perceber quais os mecanismos naturais que permitem o desenvolvimento das plantas e tentar copiar essas condições nos nossos jardins. Trata-se de perceber princípios fundamentais, como por exemplo, de que forma é que Natureza regenera os solos, como é que a água pode ser naturalmente conservados nos solos, como proteger as nossas plantas de pragas e doenças ou quais as condições em que uma planta consegue prosperar no seu meio natural. De nada adianta ir contra a Natureza, pois ela consegue sempre vencer-nos.



A compreensão do solo é uma causa que me é muito querida. O solo é um organismo vivo. É nele que se encontram, não só os nutrientes que as plantas precisam para crescerem saudáveis, mas também a vida microbiana, como as bactérias ou os fungos micorrizóticos, de que as plantas necessitam para crescer. Perturbar o solo é destruir esta rede de seres vivos que sustentam toda a vida que emerge do solo.

Quanto ao clima, existe alguma flexibilidade quanto às temperaturas, baixas ou altas, que as plantas toleram. Mas acima de tudo, é importante saber qual a época do ano em que cada planta se sente bem. É claro que, com alguns truques é possível cultivar plantas fora de época. Porém, a qualidade, a nutrição e sabor de uma planta nunca serão bons se esta for cultivada em épocas do ano que lhe são estranhas. Em vez disso, apreciemos aquilo que de bom nos traz cada época do ano.

Por último, importa compreender as plantas. Importa compreender como funcionam as suas raízes, a que profundidade é que elas se encontram no solo, quais os nutrientes em que são mais exigentes e de que forma elas se podem ajudar mutuamente a crescerem saudáveis. Além disso, eu tenho uma regra sagrada: cultivar a variedade certa na época certa. Por exemplo, para o Inverno, existem variedades de alfaces que toleram o frio, enquanto que para o Verão existem variedades resistentes ao espigamento.

Estes são os princípios sobre os quais tenho construído a minha experiência na produção de legumes. Mas porque cada região é única, também a experiência de cada um é única. Cabe-nos, nas condições que temos, tentar continuar a construir espaços que complementem a Natureza.