quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Novas inquilinas

Adoro alfaces; qualquer uma, muito embora tenha um fraquinho maior pela Rainha de Maio. Por isso estou sempre à procura de novas variedades com novas cores, com diferentes tipos de folhas e texturas. E a escolha é infinita. 

Este ano, por encomendas minhas ou remessas da minha irmã, consegui sementes novas. Actualmente já devo ter à volta de 15 diferentes variedades. Por isso, às habituais "Rainha de Maio", "Maravilha das 4 Estações", "Maravilha de Inverno", "Romana", "Folha de Carvalho" ou "Grand Rapids", acrescentei variedades como:

- "Batavia de Grenoble" (Alface de grandes dimensões que forma repolho. A folha tem uma coloração verde escura com tons arroxeados).
 
- "Mazur" (Alface sem repolho com folhas bastante recortadas e estaladiças). 

- "Bijou" (Alface sem repolho com folhas roxas quase negras).
 
- "Gem" (Um clássico britânico. Semelhante em forma a uma alface romana, mas forma repolho e as folhas têm uma consistência amanteigada). 

- "Lollo Rossa" (Variedade tradicional italiana, sem repolho, com folhas avermelhadas e muito frisadas). 

- "Reine des Glacés" (Variedade tradicional francesa que forma repolho e apta para o cultivo de Inverno. As folhas são extremamente recortadas e muito estaladiças).  


O que adorava mesmo era encontrar semente de variedades regionais portuguesas. 


Aqui estão elas bem juntinhas.

Alface "Reine des Glaces".

Alface "Batavia de Grenoble".

Alface "Lolla Rossa".

Alface "Gem".

Alface "Mazur"


Alface "Bijou". 

Gladíolos anões

Um dos trabalhos que estava a adiar há já demasiado tempo era a plantação dos meus gladíolos anões (Gladíolus nanus). Descobri este tipo de gladíolos no ano passado e adorei. Por isso, este ano alarguei o número de variedades de uma para quatro. A juntar à variedade "Impressive", este ano tenho as variedades "Halley" (como o cometa), "Carine" e "Charming Lady". Curiosamente, os gladíolos devem o seu nome à semelhança da forma das suas folhas com os antigos gládios romanos (espadas). 

Importa compreender que os gladíolos, na sua maior parte ( e existem mais de 150 espécies), vêm de países como a África do Sul ou o Lesoto. Por isso, é fundamental garantir que, ao serem plantados, têm a melhor drenagem possível. O melhor mesmo é evitar os solos barrentos ou próximos de zonas alagadas porque isso apenas vai levar ao apodrecimento do rizoma e consequente morte da planta. Depois de florirem, as folhas devem secar naturalmente para permitir uma boa maturação e crescimento do rizoma. Quanto maior este for, melhor será a floração no ano seguinte. Fora isso, são excelentes amigos do jardineiro. Não dão trabalho, as flores são magníficas e os rizomas multiplicam-se com abundância. 

Este ano, porque ainda não tenho espaço disponível para os colocar definitivamente, optei por plantá-los em vasos. Da 4 variedades que plantei, fiquei com 10 vasos com um total de 50 possíveis plantas. Ali crescerão nos próximos meses. Quando tiver espaço disponível, basta-me plantá-los. 


Gladíolo "Halley". 

Gladíolo "Charming Lady". 

Gladíolo "Carine".

Gladíolo "Impressive" a alegrar o jardim no início do Verão.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Podas

Nos últimos dois dias, o tempo trouxe simultaneamente vento e chuva. Mas ainda assim há trabalhos a fazer no jardim. E o mais importante da época é, talvez, a poda. Especialmente porque esta semana a lua está em quarto-minguante, a fase lunar perfeita para este tipo de trabalhos. 

Compreendo que a poda seja algo que possa assustar quem não tem conhecimento ou experiência sobre estas matérias. Porém, eu próprio também não tenho qualquer formação em poda e, contudo, fruto de experiências, muita observação e uma boa dose de bom senso, nos últimos dois anos aprendi imenso. 

Para mim, a poda é um investimento para o presente, mas acima de tudo para o futuro. É claro que a principal razão pela qual se poda está associada à produção de fruto. Mas importa igualmente pensar que a poda visa a estruturação da árvore numa forma que promova a sua juventude, vigor, saúde e frutificação. E no final, o resultado que se pretende é uma combinação saudável entre crescimento e frutificação. 

Se a poda for muito radical (e tenho visto casos em que quem poda quase mata a árvore - vejo isso em especial nas oliveiras), a árvore vai reagir de forma a garantir a sua sobrevivência através da produção de imensos novos ramos vigorosos e não frutíferos. Em alguns casos, estes poderão demorar 2 a 3 anos até produzir fruto. Mas se a situação for a aposta e a árvore for abandonada, a árvore tende a perder vigor, envelhece e progressivamente produz menos frutos porque não há qualquer estímulo ao seu crescimento. 

Nestes casos, a solução passa por uma poda de rejuvenescimento que implica uma poda radical de forma a relançar o crescimento da árvore, e criar assim as condições para voltar a produzir fruto. Mas há um senão. Com uma poda destas, a não produção de fruto é quase uma garantia no mesmo ano e, mesmo no ano seguinte, a frutificação poderá ser ainda escassa. Mas é um mal por vezes necessário. 

Pessoalmente, a não ser que o caso seja mais sério, sou adepto de uma poda de rejuvenescimento faseada ao longo de 2 ou 3 anos de forma a evitar a perda completa de fruto e evitar uma reacção agressiva da árvore. E caso a árvore já não tenha uma estrutura funcional que permita um bom arejamento e uma boa iluminação, esta é a oportunidade para voltar a repor a árvore no bom caminho. 

A minha experiência diz-me que as árvores não gostam de intervenções agressivas. Preferem apenas uns pequenos reparos aqui e ali. Mas há algumas regras básicas a reter. Quando olho para uma árvore, a minha intervenção tende a resumir-se à estrutura da árvore, crescimento vertical e crescimento cruzado. 

Dependendo das preferências, pode-se optar por uma estrutura com eixo central (um tronco central com ramos na horizontal) ou em forma de cálice. Claro que os franceses, os grandes mestres da poda, levaram esta arte a um outro nível com o desenvolvimento de técnicas que permitiram conceber novas estruturas para as árvores, e onde cada gema floral recebe uma atenção particular. Independentemente da estrutura adoptada, esta deve garantir um bom arejamento e iluminação de toda a copa. 

No que toca ao corte, limito-me a duas ou três coisas. A preocupação está sempre em remover todo o crescimento vertical porque a produção de fruto é mais profícua nos ramos que crescem na horizontal ou com uma inclinação de 45 graus. Além disso, é também fundamental remover todos os ramos que se cruzam uns com os outros para permitir um melhor arejamento, Desta forma, consigo manter a estrutura da árvore sem grandes intervenções e guio o crescimento no sentido que me interessa. 

Para além disso, basta manter as estruturas de frutificação e limitar os ramos que cresceram no ano anterior àqueles que, no contexto da estrutura da árvore, interessam. São estes novos ramos que irão, ao longo deste ano, desenvolver as gemas florais e dar fruto no próximo ano. Por isso, há que pensar com alguma antecipação de forma a garantir boas colheitas ano após ano. 

Por último, existem as preocupações com a saúde da árvore. A poda deve ser feita preferencialmente em dias frios e secos para promover uma boa cicatrização do corte. Quando se faz o corte, seja com uma tesoura de podar ou serrote, este deve ser limpo e liso e deve-se evitar o corte por "mastigação" do ramo. As árvores tendem a ter dificuldades acrescidas em sarar de cortes mal feitos, e isso deixa-as vulneráveis ao desenvolvimento de doenças. Importa garantir que as ferramentas estão bem afiadas. Se se podar diversas árvores, entre as quais possa haver alguma que padeça de uma doença, como o cancro, deve-se desinfectar bem as ferramentas para evitar o contágio das outras árvores. 

Bom trabalho.  



Na fotografia de cima, e aqui, podem-se ver as gemas florais que irão dar fruto este ano. De forma alguma devem estes pequenos rebentos ser cortados ou removidos sob risco de se perder fruto no Verão.

Estas são as ferramentas que uso. Podem parecer apetrechos desnecessários, mas quando se tem árvores com 4 metros de alturas e às quais é preciso trepar, ter acessórios onde pousar as ferramentas e que se possam transportar com o corpo são muito úteis. Antes disso, a tesoura de podar estava sempre a cair para o chão, o que me obrigava a subir o descer a árvore vezes sem conta. 












quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Pacotes para sementes

Como qualquer bom jardineiro (espero eu), nunca poderia ter um bom jardim se não conservasse as minhas sementes. É claro que essa é também uma prática fundamental para a preservação do nosso património e herança naturais tão ameaçados nos tempos actuais. 

Mas nos últimos tempos tornei-me num verdadeiro apaixonado pela colheita de sementes. Onde quer que elas estejam disponíveis, lá estou eu a colher algumas. Por isso, passei a andar sempre com folhas de papel comigo para fazer pacotes improvisados. 

O papel, por ser poroso, é um óptimo material de conservação porque permite o arejamento das sementes, e impede a acumulação de humidade que tende a provocar o apodrecimento das sementes. Guardar sementes em recipientes fechados ou sacos de plástico deve, por isso, ser evitado. Fora isso, basta guardar as sementes num local fresco e seco e elas manter-se-ão boas durante 2 ou 3 anos. 

É claro que estas carteiras improvisadas são úteis no momento, mas muitas vezes acabo por dar com as sementes completamente espalhadas nos bolsos ou na mala. Por isso, arranjei alguns minutos e fiz os meus próprios pacotes de sementes. E aqui estão eles, com um aspecto rústico e artesanal como eu tanto gosto. Agora já posso oferecer ou trocar sementes com algum requinte.  


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Gelo

O gelo instalou-se no jardim esta semana. De manhã, ao chegar ao jardim, todas as plantas, e mesmo o solo, estão cobertos por uma camada de cristais de gelo. Nos últimos dias desta semana as temperaturas mínimas baixaram até aos 5 graus negativos por aqui. Quando o sol se põe, as temperaturas rapidamente descem para perto dos 0 graus e só voltam a subir a meio da manhã seguinte, o que significa que durante mais de 12 horas por dia o jardim permanece com temperaturas baixas. 

Não há dúvida que o gelo é dos piores inimigos das plantas, mas esse receio tende a ser temporariamente esquecido pela beleza que os cristais de gelo possuem, especialmente quando reflectem a luz do sol como se fossem diamantes prateados.

E claro está, este frio é igualmente fundamental para a saúde do jardim. Sem umas boas horas de frio, plantas como as túlipas não produzem boas flores. Os alhos precisam igualmente de um longo período de frio para formarem bolbos bem divididos. O mesmo se diz das cerejeiras, ou dos morangueiros. São plantas que adoram um bom Inverno gelado e, claro está, na Primavera elas certamente retribuirão com abundância de frutos. Além disso, o gelo funciona como agente controlador de pragas. Daí que as alterações climáticas e o aquecimento global possam aumentar o risco de pragas entre as culturas agrícolas. 

Mas no fim de contas eu simplesmente adoro o Inverno, e não há nada como uma boa pitada de frio para nos fazer sentir vivos. Resta mesmo apreciar.

As Gaura lindheimeri bem geladinhas.

O solo congelado.


No fim de contas os amores-perfeitos até que ficam bonitos com este visual.


Cristais de gelo.

As chalotas cobertas de gelo.





Solo congelado.

Os barris de água congelados.

Até as favas, que costumam ser bastante resistentes, tiveram dificuldades em aguentar.