terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Conseguir novas plantas de graça

O mundo das flores é relativamente recente para mim. Na realidade, apenas comecei a dedicar-me ao estudo e cultivo das flores há coisa de um ano. Contudo, quando se começa a entrar no mundo da multiplicação de plantas, ganha-se um certo vício. A dada altura torna-se difícil evitar colher novas sementes aqui e ali, cortar estacas para multiplicar as plantas ou aprender novas técnicas cuja complexidade se torna verdadeiramente desafiante. É irresistível.

Quanto opto por comprar uma planta de que gosto, sou criterioso em relação à planta que escolho. Não tem de ter flores (antes prefiro que a planta dê flores no meu jardim do que na loja), mas tem de estar saudável e ter material suficiente para a propagar, quer por estaca, folha, raíz ou semente. 

No fim de contas, muitas vezes acabo por ter imensas plantas. Por isso, aquilo que tiver em excesso estará disponível para venda. E para o futuro, irei cada vez mais especializar-me em plantas raras. 

Eis aqui alguns exemplos com as plantas que tenho propagado. 

Felizmente este Outono os meus lírios/coroas imperiais produziram imensos pequenos bolbos e ainda tenho outros por recolher. Separei-os e plantei-os individualmente em vasos. É verdade que vão demorar entre 2 a 3 anos até se tornarem plantas adultas. Mas nessa altura terei, talvez, mais 50 ou 60 bolbos novos prontos para fazer grandes blocos no jardim com eles. E tudo isto custou-me zero. É claro que no próximo ano irei continuar a fazê-lo. O que significa que dentro de dois anos, irei ter anualmente várias dezenas de novos bolbos.

No início de Janeiro, optei por semear Dálias em vez de plantar os tubérculos. As plantas floriram abundantemente logo no final da Primavera até ao final do Verão. De uma carteira de sementes que me custou pouco mais de 1 euro consegui perto de 20 tubérculos que, se fossem comprados individualmente, custariam no total perto de 15 vezes mais que o custo da semente. 

No início deste ano comprei uma Lavandula angustifolia. As alfazemas são plantas que enraízam bem por estaca. Em menos de 1 ano, consegui 13 novas plantas a partir de uma só. 

Mas o grande desafio foi a propagação das minhas gloxínias. Os tubérculos foram particularmente caros; quase 2 euros cada um. Mas finalmente tive boas notícias. As gloxínias propagam-se por folhas. No Verão cortei duas folhas de cada planta e coloquei-as em vasos com um composto com boa drenagem. Hoje dei uma vista de olhos ao resultado e, para minha felicidade, lá estavam já os pequenos tubérculos formados. Sucesso!!! E assim, passei a ter quatro novas plantas pelo preço de duas. No próximo ano irei tentar o mesmo com os meus Streptocarpus, caso eles sobrevivam às temperaturas negativas que temos tido aqui nos últimos dias.
Aqui estão os pequenos bolbos dos lírios/coroas imperiais prontos a receberem o seu espaço individual. Esta variedade chama-se "Apeldoorn".

As novas alfazemas. No próximo ano estarão repletas de flores.

A minha estufa de propagação repleta de novas plantas.

As novas alfazemas. Agora é esperar que elas cresçam.

Aqui estão as gloxínias que multipliquei através das folhas. No torrão da direita dá para ver ali já o pequeno tubérculo. 

Algumas plantas de Geum coccineum "Cooky" que semeei há alguns meses atrás. 

E aqui estão eles já em vasos. No final da Primavera irão dar-me belas flores cor-de-laranja.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Prendas de Natal

Receber prendas pelo Natal é uma coisa relativamente nova para mim, mas não é por isso que me faço de pedinchão. O que quer que venha já é bem mais do que poderia esperar. Mas há sempre coisas que nos arrancam um sorriso da cara. Para além daquelas que a minha Carolina me oferece e que revelam um claro dom intuitivo sobre os meus gostos, há sempre outras prendas que nos induzem a um inevitável sorriso de contentamento. E comigo, as sementes, em particular, têm esse efeito. Aqui está a remessa que a minha irmã me enviou por estes dias, com três novas variedades  de tomate: "Yellow stuffer", "Evergreen" e "Andine Cornue". A continuar assim, o Verão promete. 

 

O frio no jardim

Apesar de o Inverno apenas ter começado esta semana, os efeitos da diminuição das temperaturas já se faziam sentir no jardim muito antes. O problema não é o frio em si, até porque muitas plantas precisam dele para crescerem saudáveis. O problema está no gelo. E por aqui, mesmo não sendo muito intenso, o gelo que se tem formado de madrugada tem deixado os seus rastos. 

Em simultâneo, a falta de chuva nas últimas três semanas acentua a vulnerabilidade das plantas. A vinda da chuva, regra geral, tende a amenizar as temperaturas. Mas na sua ausência, as temperaturas  por aqui tendem a ser negativas durante a madrugada e, regra geral, só perto do início da tarde é que as estas sobrem acima dos 10 graus. 

Com a perda de humidade no ar, as plantas perdem a sua protecção natural contra o gelo. É nestes períodos, em especial, que se formam as condições ideais para a ocorrência da chamada geada negra, quando a planta fica susceptível de congelar a partir do interior. Nestas alturas, a melhor forma de evitar esse risco é regar as plantas. E curiosamente, nos últimos dias tenho sido forçado a regar algumas partes do jardim porque, apesar de ser Inverno, já não chove há quase um mês.  

A rama da cenoura "roxa de frio".

Um dos meus tabuleiros de germinação ainda com cristais de gelo já perto do fim da manhã. 

A temperatura marcada pelo termómetro do jardim já perto do meio-dia.

A minha Chia (Salvia hispânica) com as folhas danificadas pelo gelo.

Nem as aquilégias escapam.

Esta Kalanchoe já teve dias bem melhores.

Este Pelargónio folha-de-hera sofreu um verdadeiro desastre.

Destas Pentas lanceolata "Graffiti" já só resta a memória de quando elas, em Pleno Verão, estavam repletas de flores rosa e lilás.

Este é sem dúvida o fim de linha para esta malagueta. A compostagem espera-a. 

sábado, 20 de dezembro de 2014

Solstício de Inverno

Amanhã é o solstício de Inverno. Como momento culminante dos últimos meses e durante os quais a noite progressivamente se sobrepôs ao dia, amanhã é a noite mais longa do ano. Mas este declínio tem os dias contados. Depois de amanhã, os dias começam progressivamente a aumentar e, assim, com este avanço, aumentam as expectativas sobre todas as coisas boas que o aumento de luz diária trará ao jardim. Lentamente, as primeiras flores do ano irão começar começar a despertar e, com o dia mais longo, outras tarefas poderão ser feitas no jardim. Mal posso esperar. Mas por agora quero apenas aproveitar estes últimos dias de Outono que tanto me enternecem, sem esquecer que também adoro o Inverno.  

Fotografia tirada em Benfica, Lisboa, há 3 anos atrás quando a queda massiva de granizo deixou todo o bairro coberto por um manto branco como se de neve se tratasse. Felizmente, o gelo tornou-se, para muitos, sinónimo de diversão e não de desastre.  

Nos últimos dias de Outono

Por aqui as temperaturas estão cada vez mais baixas. Porém, a persistência deste sol outonal, o azul suave do céu e a agradável teimosia de algumas árvores que recusam render-se aos rigores do Inverno permite-me apreciar estas tonalidades âmbar que, como se fossem o último suspiro de memórias distantes, ainda vão pintando a paisagem. Felizmente, as camomilas começam agora a cobrir os prados com um espesso tapete branco. Mas não há como escapar. O Inverno é uma inevitabilidade. Mais cedo ou mais tarde o seu sopro varrerá colinas e vales e, por um tempo, tudo dormirá na expectativa de um novo começo. 


Camomilas aos milhares.







quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

De regresso

As últimas duas semanas foram certamente diferentes da rotina habitual que tenho vindo a criar nos últimos 2 meses. Depois da entrega da minha tese de mestrado no final de Setembro, eis que finalmente chegou a tão aguardada informação com a marcação da defesa da tese. 

E assim, lá regressei à capital no passado dia 12 para a prestação das provas públicas. Apesar do pavor inicial, correu bem melhor que o esperado e, no fim de contas, voltei para casa com uma boa nota final, e com a motivação suficiente para saber que tenho muito para fazer e aprender com as Relações Internacionais. 

E pelo meio, algumas plantas, muitas plantas....É que o tempo não pára. E apesar de acreditar que são muitos aqueles que desesperam com o pouco sol desta época, com os dias curtos, as noites longas, o céu cinzento e chuvoso e o ar frio, o solstício de Inverno está aí à porta. Depois daí, é só boas notícias. Os dias não tardarão a aumentar e o jardim começará a acordar progressivamente. Depois disso, o jardim envolve-se num frenesim de tarefas e expectativas. 

Começa então a ser altura de semear as muitas flores que irão alegrar o jardim no final da Primavera e início de Verão. E por entre sonhos de cor, perfume e som, há que pensar também em sabor pois, a juntar às flores, é também altura de semear os primeiros legumes de Primavera/Verão, como os tomates e os pimentos. É sempre uma altura que me deixa extremamente empolgado e, no fim, sei que a dedicação empreendida irá alegar os meus dias ao longo de muitos meses, com flores, legumes e frutas em abundância. Esperança é certamente a palavra que melhor caracteriza a jardinagem.


O jardim no seu pico este ano. Foi fabuloso. Mas o próximo ano será certamente melhor.